quarta-feira, 14 de outubro de 2020

 «O ritual começava. 

Por vezes era apenas uma mão que, desenvolta, me encontrava o sexo e o massajava, devagar... nesses momentos apenas a minha respiração pesada e o restolhar dos lençóis interrompiam o silêncio; de outras vezes a criatura entregava-se e executava, com a destreza de um atirador furtivo, os movimentos da boca e da língua que descrevi algures e tudo terminava com maior rapidez mas também com a sensação de uma derrocada - de uma explosão e de uma derrocada - e havia um gemido como o de um animal com fome e eu cravava a ponta dos meus dedos nos lençóis no terno conforto de já saber o final de uma história. Eu preferia esta segunda forma de prazer, embora ela me suscitasse maior melancolia; talvez porque uma boca é diferente de uma mão, talvez porque implica um compromisso maior e também um desgosto maior se, um dia, a virmos desaparecer para sempre da nossa vida.»

In Bom Inverno de João Tordo

 

Sim, uma boca é diferente de uma mão... Mas este excerto deixou-me a pensar que o João Tordo deve ser dos que vê o copo meio vazio. Ter medo do muito bom porque um dia pode acabar, impede-nos de muitas delicias.
Continuo a achar que o que nos faz sorrir, vale a pena, mesmo que um dia desapareça para sempre da nossa vida. Fica a melancolia, claro! Mas se foi bom, ficam também as lembranças, as memórias, os sorrisos parvos sempre que invade o pensamento. As coisas boas, valem sempre a pena.
 
 

quarta-feira, 7 de outubro de 2020

 Conselho muito redutor, este! 

Sou crescidinha e cabem ambas em mim, porque carga de água tenho de ser só uma?!

Nã....! Eu sou qual eu quiser e quando quiser! E quando brincam uma com a outra acho que é ainda mais delicioso!

Sou estranha, prontx! :)


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