quinta-feira, 12 de setembro de 2019

Abraças-me?

Pedido assim, parece carência, mas não é!
Tenho abraços deliciosos na minha vida. E os abraços podem ser tão distintos e de tantas formas.
Não sou pessoa de andar sempre aos abracinhos, aliás seleciono as pessoas que abraço e me abraçam.

Cabem nos dedos de uma mão.
Considero um abraço um gesto muito íntimo e, como tal, só me deixo abraçar por quem me merece essa intimidade. Se alguém que não conheço bem forçasse essa intimidade iria sentir-me violada, invadida. Mas, não acontece, talvez porque me mostro uma pessoa bastante reservada e não é qualquer pessoa que deixo entrar nas minhas cascas de cebola mais internas.
Dizem os especialistas que os abraços dão saúde, fazem libertar oxitoxina, a hormona do amor e da felicidade, e que nos tornam mais saudáveis.
No entanto, hoje, tendemos a despromover os abraços, seja porque temos pouco tempo para estarmos
com as pessoas que nos são queridas, ou por vergonha ou pelo “politicamente correto”.
Eu diria que há abraços que podem realmente curar e dar felicidade sim, outros não. Os abraços
rareiam hoje em dia, mas os raros que presencio, são abraços que não gosto, abraços de circunstância entre as pessoas, de falsidade e pancadinhas nas costas… Como podem chamar a isso abraços?
Para mim, os abraços têm que ter mimo, ternura, amor, ser envolventes, mostrar aquilo que sentimos com a proximidade dos corpos, que só é possível por haver antes proximidade de mentes. As mentes abraçam-se de tal forma que fica quase impossível não o demonstrar num gesto de corpos. Para mim é isso um abraço. Dão-nos quase um pedaço de infinito porque são instantes que ficam para sempre. Adoro esses abraços! Abraços que demoram, que criam uma sensação de prazer. Prazer esse, que pode ser tão distinto, consoante as pessoas que abraçamos. O abraçar um filho é tão diferente de um abraço de um pai, ou de um amor… e, no entanto, todos eles abraços deliciosos cada um pelo
que envolve.
Tenho abraços de mimo, ternura, protecção, quase diariamente na minha vida. 
Sou tão grata por eles!
Outros abraços há, menos frequentes, mas que me abraçam mesmo sem o gesto. Abraçam-me mesmo
antes de me abraçar, com o sorriso que se adivinha antes de chegar, com as palavras, com a magia da cumplicidade, com a atenção diária e permanente, a preocupação, o mostrar que se gosta e que se quer perto, o querer tocar e ficar sempre a ponta do dedo de um a tocar a ponto do dedo do outro, mesmo que distantes.
Ai esses abraços! Quando acontecem, esse ficar ali, tão perto, tão junto, é como se o meu lugar mais cúmplice do mundo inteiro fosse ali.
É um abraço onde me encaixo. Mãos que se procuram, que se encontram, que se dão. Que
não querem largar-se mais.
E o olhar? O olhar olha-me por dentro, percorre-me a alma e mostra-me a sua. Sem merdas, sem
artifícios. Dá-se!
O sorriso que cativa, o beijo que corta a respiração.
Esses abraços são especiais, são O abraço. Podemos ficar nus num abraço, mesmo vestidos até às orelhas.
O mundo, pode caber, por instantes, todinho dentro de um abraço.
É destes abraços raros que eu gosto!
Abraças-me com tudo? 



6 comentários:

  1. Eu tenho uma história, improvável porque aconteceu com um acidente com coisa pouca, mas insultos por ser mulher, ofensas e blá blá,e quando a pessoa me estendeu a mão para pedir desculpa pelas más palavras, dei-lhe um abraço,foi tão puro aquele meu gesto, que depois me deixou a pensar que enlouqueci de vez.[ nem sabes de quantos abraços eu precisava naquele momento]
    Portanto faz falta abraçar, dizer obrigado e pedir desculpa.

    Considera-te abraçada, mas bem apertadinho .
    E não faças cara feia, Miúda Gira!

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    1. Admiro-te o gesto, Perséfone!
      Eu cá, se alguém me insultasse e ofendesse, até podia depois pedir desculpa e até desculpava, mas mesmo que andasse carente de abraços, abraça-lo jamais! :D
      Aliás, como disse, não sou de abracinhos mesmo com quem conheço e gosto, que fará com quem me tratasse mal.
      Peço desculpa quando erro, digo sempre obrigada, quando me sinto grata, desculpo muitas vezes, contudo proximidade física com quem não ma merece, não obrigada.
      Mas aprecio esse teu gesto e acredito que o desarmas-te!
      Um beijinho em ti. E porque haveria de fazer cara feia, Miúda Gira? Eu gosto de abraços apertadinhos :)
      És sempre bem vinda!

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  2. E como me identifico com muito do que escreveste neste teu Post, hoje deixo-te um grande abraço Esquilinha:)

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    1. Um grande abraço virtual também para ti, Legionário. Espero que sorrias muito!
      Bom fim de semana!

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  3. E, um abraço desses que te transpiras no escrevê-lo, pode ser sem tudo ?
    E se o tudo, calha a suspirar de vontade de um olhar ?
    E se o olhar, a seguir, feito guloso sonha surgir um sorriso ?
    Um abraço será afinal com tudo, ou nós nada antes ?
    Um beijo Esquilinha.
    Tens um sentir bom de sentir.

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    1. Nós, nada antes e tudo juntos, num nós que se abraça :)
      O toque, o olhar, o sorriso, o beijo... a alma despojada num abraço ansiado... Só assim é com tudo. É desses que gosto!
      Que surpresa tão boa ;)
      Um beijo e um abraço, Sorrir.

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